quinta-feira, 16 de julho de 2009

A Despedida



Cheguei no aeroporto com meus pais. Ajudei minha irmã a colocar as duas malas no carrinho e meu pai com a gente até a fila para despachar as malas enquanto minha mãe estacionava o carro. Pouco tempo depois encontramos com Fred, Luiza e Bia na fila. Esperamos com eles até certo ponto. Meu coração já batia forte e um clima triste já me dominava.
Enquanto Fred e Má passavam pela polícia meu pai teve a idéia de comer algo num restaurante japonês que tinha ali do lado. Pedi uma Heinkein e meu pai pediu uma caipirinha e a porção mais barata de sushi. Achei que era o momento perfeito para fazer alguma piada:
- É pai. Bebe mesmo porque assim você talvez não chore.
E ele me diz:
- A caipirinha é para chorar menos. Chorar eu vou de qualquer jeito.

Alguns minutos depois, minha mãe chegou acompanhada do casal. Despedi-me do Fred, e depois da Má e ela disse:
- A gente já vai para o portão do terminal. Se a gente não se ver mais até lá. Adeus.

Não saiu uma gota de lágrima sequer. Fiquei decepcionado comigo mesmo. Alguma coisa estava errada. Eu deveria ter chorado. Eu queria ter chorado. Enquanto isso a maldita porção de sushi não chegava. Mais alguns minutos e ela finalmente apareceu. Meu pai e eu devoramos em questão de segundos.
Na hora de pagar a conta foi mais uma demora. Quando o garçom finalmente chegou ele diz que o cartão de crédito não estava passando. Ele saiu e disse que ia tentar novamente. Por fora eu estava perfeitamente calmo. Mas por dentro eu explodia de raiva e pensava comigo mesmo “Se eu não conseguir me despedir da minha irmã por causa dessa demora eu juro que jogo uma bomba nesse restaurante!”.

O garçom voltou com a nota fiscal. Meu pai, nem se deu ao trabalho de conferir. Assinou a nota do jeito mais porco que eu já vi e fomos correndo até o portão do terminal. Lá, minha mãe, a Má, o Fred, sua irmã e mãe comiam uma porção de pão de queijo. Meu pai olhou para a Má e seus olhos já lacrimejavam e o de Luiza também. Mas eu ainda estava tranqüilo.

Fomos finalmente para o portão de saída. E foi aí que tudo aconteceu. A Marcella se despediu dos meus pais e os três começaram a chorar. Meu coração começou a ficar apertado. Enquanto isso Fred se despedia da mãe e da irmã e mais lágrimas caíam. Marcella veio me abraçar. O aperto no coração virou pequenas lágrimas. Enquanto o Fred veio me abraçar e a Má abraçava as mulheres da família do Fred, meu choro aumentava.
Todos se abraçaram em todas as combinações possíveis. Quando minha mãe veio me acolher eu já estava soluçando. Fred e Má viraram as costas e entraram no portão. Eu e meus pais ficamos olhando por alguns segundos Luiza e Bia. Todos com os olhos inchados e vermelhos com um sorriso nos rostos.
Quando não havia mais motivo para ficar lá, quando não havia mais lágrimas, quando não havia mais Fred e Má, Luiza veio até mim, me deu um abraço bem apertado e começou a chorar novamente. Óbvio que eu não agüentei e também chorei.
Alguns segundos depois. Ela se soltou de mim e foi para junto de Bia. Demos tchau um para o outro. E fomos embora de lá.